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O ambientalista estadunidense Jay Westerveld, em 1986, usou o termo “greenwashing” (“lavagem verde”), para descrever a prática de cadeias de hotéis que alavancavam as questões ambientais para economizar dinheiro na lavagem das toalhas dos clientes.
O termo deriva da união das palavras inglesas green, verde, e washing, lavagem, que se referem ao verbo whitewash, branquear. Este último, porém, também assume o sentido de cobrir, isto é, esconder. Greenwashing consiste na prática de criar a falsa impressão de que um produto ou serviço é realizado respeitando o meio ambiente e tendo em consideração os princípios da sustentabilidade, quando na realidade está causando danos ambientais.
De acordo com as Diretrizes para a implementação/aplicação da diretiva europeia, 2005/29/CE, sobre práticas comerciais desleais, se as “declarações ambientais” ou “declarações verdes” forem falsas, então podemos falar de greenwashing, vale dizer, “de marketing ambiental enganoso”, que acontece quando as empresas escondem os seus comportamentos antiambientais sob slogans, declarações e dados de sustentabilidade. Uma sustentabilidade de fachada, que só serve para fazer crer que estão a manter um perfil verde, realizando atividades com um impacto ambiental mais prejudicial.
Mas como entender se uma empresa que carrega a marca da sustentabilidade está realmente comprometida com a luta ambiental ou se trata-se, apenas, de uma encenação? Existem algumas características a serem levadas em consideração, que podem indicar o uso ou não de greenwashing por uma empresa. Normalmente, a sustentabilidade de fachada é acompanhada pelos seguintes elementos:
– Uso de termos vagos e declarações não verificáveis;
– Uso de sinais visuais enganosos, como símbolos e cores que evocam proteção ambiental;
– Narração e uso de palavras e termos verdes: o uso de uma linguagem sustentável leva os clientes a pensar que a empresa está na vanguarda da luta contra as mudanças climáticas.
Hoje, a luta contra o greenwashing representa um desafio para o futuro. Para combater esta prática, a União Europeia elaborou o Regulamento de Divulgação Financeira Sustentável (SFDR), que entrou em vigor em março de 2021, com o objetivo de garantir maior transparência no compromisso com a sustentabilidade.
Um dos principais objetivos do documento da UE é justamente o combate ao greenwashing, tanto que, em alguns artigos do SFDR, é enfatizada a necessidade de “as empresas fornecerem informações sobre a integração dos riscos para a sustentabilidade, nas considerações dos impactos negativos no meio ambiente e na promoção de fatores ambientais e investimentos sustentáveis.”
De acordo com o secretário-geral do Fórum de Finanças Sustentáveis, Francesco Bicciato, combater a prática do greenwashing é um dos principais objetivos futuros: “Com entusiasmo assumimos os desafios do futuro: transparência, pesquisa, divulgação, contribuição para uma transição justa e promoção de um diálogo construtivo com instituições e atores econômicos públicos e privados”, afirmou, durante o evento organizado pelo Ministério do Tesouro italiano, na SRI Week 2021 (Settimana dell’Investimento Sostenibile e Responsabile – Semana do Investimento Sustentável e Responsável).
De fato, o combate ao greenwashing e a promoção de atividades e investimentos sustentáveis são fundamentais para o futuro, para garantir que o cuidado com o meio ambiente e o combate às mudanças climáticas se tornem um marco nas atividades das empresas.