O Touro de Wall Street
O 11 de Setembro não foi um segundo Pearl Harbor

Nicolas Sarkozy, presidente da República Francesa, de 2007 a 2012, no dia 28 de setembro, acabou de ser condenado a um ano de prisão por financiamento ilegal em sua campanha presidencial de 2012. Na investigação, conhecida como “Bygmalion”, os investigadores descobriram que os gastos eleitorais dele quase dobraram o limite legal. Bygmalion é o nome da empresa que teria organizado os eventos, que estão ao centro das investigações. “Ele era presidente na época dos acontecimentos. Esta é uma função que exige um comportamento irrepreensível”, criticou o procurador durante a sua acusação. Para o magistrado, Nicolas Sarkozy “sem dúvida” se beneficiou da fraude ao pedir “uma reunião por dia”, “shows americanos” sem se preocupar com despesas.

Para a leitura da sentença, o ex-presidente não compareceu ao tribunal da Vara Criminal de Paris. Nas eleições de 2012, em que ele perdeu para François Hollande, Sarkozy gastou 42 milhões de euros, contra o teto legal de 22,5 milhões. Despesas justificadas, segundo o arguido, pelo fato de os compromissos presidenciais não terem permitido que desse atenção aos detalhes financeiros. O juiz, ao proferir a sentença, explicou que o ex-presidente “deu continuidade à organização das reuniões fictícias” depois de ter sido “avisado, por escrito, do risco de ultrapassar os limites”, do qual ele não podia ignorar por se tratar de sua segunda campanha presidencial. Sarkozy, que, seguramente, vai apelar, não cumprirá a pena na prisão, mas será submetido a um regime de vigilância eletrônica, a famosa tornozeleira. Ao todo, treze imputados foram condenados, um dos quais é Guillaume Lambert, gerente da campanha de Nicolas Sarkozy, que foi condenado a três anos e meio.

Em março, Sarkozy foi condenado a três anos de prisão, dois dos quais foram suspensos com liberdade condicional, por corrupção e tráfico de influências. O ex-inquilino do Elysée tornou-se, assim, o primeiro presidente da República Francesa a ser condenado à prisão. Em 2011, Jacques Chirac foi condenado a dois anos – condenação logo suspensa – por alguns casos de corrupção durante sua gestão como prefeito de Paris. O “Julgamento do ‘Bismuto’” – apelido com o qual Sarzoky se comunicava com seu advogado – nasceu de algumas interceptações ordenadas pelos promotores que tratavam de outro processo no qual o ex-presidente estava envolvido, referente a um suposto financiamento recebido pelo regime do ditador Muammar Gaddafi, que provocou a guerra e a morte do líbio, operação que muitos definem queima de arquivo. Essas conversas mostraram como Sarkozy, em 2014, tentou, por meio de seu advogado, obter, de um juiz supremo da Cassação, algumas revelações sobre um novo julgamento, no qual ele estava envolvido. No momento, Sarkozy está emaranhado em outra investigação sobre um suposto empréstimo da Líbia de Gaddafi, que Sarkosy recebeu, entre 2005 e 2006, embora o homem que, supostamente, atuou como intermediário, tenha-se retratado posteriormente, após a morte do ditador líbio.